CANON R5 — UM NOVO MARCO DO AUDIOVISUAL?

André Rodrigues — Filmmaker
8 min readJul 9, 2020

Hoje, dia 09 de julho de 2020 o mundo foi apresentado oficialmente às novas câmeras mirrorless da Canon: a incrível R5 e sua irmão menor, R6. Apesar dos vazamentos com várias informações que em sua grande maioria foram confirmadas, tivemos algumas novidades surpreendentemente boas.

Sensor:

Já pra deixar claro a primeira pergunta que todos vão fazer: “É fullframe?”. Sim senhores, a Canon R5 conta com um sensor fullframe de 45MP e um novo processado, o DIGIC X. A faixa de ISO é de 100–51200 e pode ser expandida para 102400. Os primeiros reviews lá fora contam que foi possível obter uma excelente qualidade de imagem utilizando ISO de até 12800.

Falando de dynamic range, ela conta com 12 stops quando gravando em H265 C-LOG, 12 stops em RAW C-LOG, 15 stops em RAW C-LOG2 e 14 stops em RAW C-LOG3.

Estabilização interna:

Outra super novidade dessa câmera é a estabilização interna de 5 eixos do sensor, algo que ainda não havia sido implementado em nenhum outra câmera Canon. Essa estabilização interna pode ainda ser combinada com a estabilização interna das lentes para gerar um resultado ainda mais livre de “tremidas” e melhorando assim a qualidade das suas fotos e de seus vídeos.

Resoluções, frame rates e bit rates:

Agora vamos falar do grande destaque que foi o assunto mais badalado sobre essa câmera: a resolução! E não é à toa que esse ponto foi o mais falado e questionado, pois a câmera é capaz de gravar internamente em 8K 29.97fps DCI! Como se isso fosse pouco, não estamos falando de 8K em algum codec comprimido, estamos falando de gravação em RAW com Canon LOG e utilizando toda a área do sensor! Nessa resolução em RAW é possível gravar até 20 minutos em temperatura ambiente normal.

Isso por si só já coloca a R5 num patamar nunca antes visto entre câmeras mirrorless e até mesmo acima de diversas cinecam atuais quando falando de resolução/framerate/codecs.

Além disso a câmera ainda é capaz de fazer vídeos em 4K 119.98fps internamente e até 4K 59.94fps externamente. Em ambos os casos é possível gravar em 10bits 4:2:2 seja HDR ou Canon LOG!

Já na fotografia a R5 pode fazer fotos em até 12 frames por segundo com shutter mecânico ou 20 frames por segundo em modo silencioso com o shutter eletrônico. O seu view finder eletrônico é de 0.5" OLED.

Tabela de Bit Rate

ATUALIZAÇÃO — Pra completar as informações de resolução, frame rate e bit rate da câmera (as informações completas você confere na imagem à cima):

  • O 8K RAW é 12bits em um formato parecido com o Canon RAW Lite porém não é ele propriamente dito. É chamado de RAW (CRM). Neste formato é possível gravar tanto com HDR como com Canon LOG. Vale lembrar que grava tanto em 8K DCI como 8K UHD.
  • É possível gravar em 8K sem ser RAW, em 10bits 4:2:2 Canon LOG H265/HEVC desde que com o HDR desligado.
  • Não é possível gravar em RAW em nenhuma outra resolução, apenas 8K DCI e UHD pelos mesmos problemas de readout como a Pocket 6K por exemplo.
  • As taxas de bit rate quando ligados o HDR e o Canon LOG são:

- 325MB/s para 8K RAW DCI (30fps)

- 162.5MB/s para 8K DCI H265 ALL-I (30fps)

- 58.75MB/s para 8K DCI H265 IPB (30fps)

- 117.5MB/s 4K DCI H265 ALL-I (60fps)

- 28.75MB/s 4K DCI H265 IPB (60fps).

Estas são ótimas taxas de bit rate! Para padrão de comparação uma Sony A7III faz 12.5MB/s quando gravando 4K em 30fps, valor que é menos da metade do 4K DCI H265 IPB da R5.

  • Com HDR ligado você também pode gravar 8K porém em 8bits 4:2:0 H265/HEVC
  • Só é possível gravar em 4K e FHD em H264/AVC se for em 8bits 4:2:0. 10bits 4:2:2 mesmo em 4K e FHD é sempre H265/HEVC.
  • É possível gravar em 4K com oversampling de 8K, que vai trazer muito mais qualidade pra imagem. E o melhor, em 30fps no cartão SD!
  • Ainda não confirmei, mas ao que parece no manual diz existir uma possibilidade de se gravar 4K DCI em H265 ao mesmo tempo que você grava o 8K RAW, ou seja, uma espécie de proxy (que já seria numa qualidade ótima). Mas isso ainda estou pra confirmar.

Corpo, auto-foco e recursos:

A R5 conta com um corpo muito parecido com as DSLR da Canon, num tamanho bem reduzido e leve, pesando apenas 650g só o corpo ou 738g com bateria, SD e body cap. Além de diversos botões que deixam seu manuseio prático e rápido, ela possui uma tela de 3.2" articulada.

No auto-foco é claro que a Canon nunca decepciona! A R5 possui tecnologia
Dual Pixel CMOS com 1053 pontos de auto-foco que cobrem 100% do sensor
! Além disso agora também possui detecção inteligente e automática de animais, rostos e olhos, tornando praticamente impossível perder o foco da sua cena.

Sobre os recursos in-camera, tanto a R5 quanto a R6 contam com o excelente dual pixel focus guide, recurso exclusivo das câmeras Canon e também focus peaking e zebras. Já recursos como false color e scopes ficaram de fora mais uma vez. Porém, pensando que a grande maioria das pessoas que irá usar essa câmera para vídeo, não irá ficar limitada à pequena tela de 3.2" e sim usará algum tipo de monitor externo que irá conter esses recursos, esta não é lá uma grande desvantagem.

Alimentação e mídias:

No quesito bateria a R5 irá utilizar as Canon LP-E6NH, novas baterias do modelo LP-E6 feitas exclusivamente para essas duas câmeras. Ainda não ficou claro a duração dessas baterias, mas pela descrição de que é possível rodar até 20 minutos em 8K RAW, parece que temos sim um bom aproveitamento energético nessa câmera. Vale notar que as LP-E6N/LP-E6 também podem ser usadas na câmera.

Já os slots de cartão para gravação são 2: um CFExpress (não confundir com CFast que é bem mais caro) e outro SD USH-II. Ainda é necessário verificar no mercado quais mídias irão conseguir suportar a gravação em 8K RAW. Lembrando que por enquanto não há opção de saída limpa em RAW e nem acima de 4K 59.94fps. Porém isso pode vir a ser adicionado futuramente via atualização de firmware.

Bocal e lentes:

Ambos os modelos R5 e R6 contam com a já consagrada mount RF. Isso significa além de usarem a gama de lentes RF que já está no mercado, essas câmeras também são compatíveis com centenas de lentes EF facilmente adaptáveis para RF com um dos três adaptadores oficiais da Canon, mantendo todos os recursos de cada lente e ainda mais recursos se usado com o adaptador que possui o anel extra.

Além disso a Canon lançou 4 novas lentes, 100–500mm f/4.5–7.1, 600mm f/11, an 800mm f/11 (essas duas com corpos incrivelmente pequenos para esse range e super leves — a mais pesada pesa menos que uma Sigma 18–35mm) e a 85mm f/2. Também chegam ao mercado dois novos tele-conversores de 1.4x e 2x para lentes RF.

A irmã menor, R6:

Claro que pra maioria das pessoas essas especificações não são tão necessárias, deixando a R5 mais voltada para um mercado high-end tanto para cinema (crash cam, documentários, curtas de médio e alto orçamento e afins) quanto para fotografia profissional (principalmente esportes e wildlife). E por isso a Canon trouxe junto com a R5 a sua companheira R6, versão um pouco mais simples e bem mais barata, mas ainda assim com recursos bem impressionantes.

A R6 também possui sensor fullframe porém de 20.1MP, com o mesmo processador DIGIC X, estabilização interna de 5 eixos, o mesmo sistema de auto-foco, mesma tela e EVF. As maiores diferenças ficam nos slots de cartão que na R6 são 2 SD UHS-II (não possui CFExpress), o bluetooth que é 4.2 ao invés do 5.0 da R5 e claro nas resoluções e frame rates.

A R6 consegue entregar 4K 59.94fps e FHD 119.98fps sem a opção de RAW, porém com os mesmos 10bits 4:2:2 seja em Canon LOG ou HDR!

Preço:

Pra finalizar, uma das maiores “surpresas” do dia foi a confirmação do preço das câmeras que já havia vazado no dia anterior. Ao contrário do que eu havia previsto (eu havia tinha dito que a R5 viria com valores à cima de 4 mil dólares e próximo dos 5 mil dólares), a R5 irá custar $3.899,00 dólares. Já a R6 sai por $2.499,00.

Esses valores são bem justos pelo que essas câmeras entregam e podem fazer a R5 se tornar a melhor opção híbrida para o mercado high-end e a R6 uma ótima opção híbrida para o mercado low/mid-end. Vale lembrar que os recursos de vídeo se equiparam a câmeras já consagradas no mercado como as Blackmagic Pocket 4K/6K, as Z-Cam, as Fuji X-T4, as Panasonic GH5 e até mesmo à super recente RED Komodo, guardadas claro às devidas proporções.

Porém as R5 e R6 são câmeras híbridas (dessa lista apenas a Fuji e a Panasonic são também) com sensores fullframe e que possuem uma capacidade para fotografia muito alta, provavelmente bem superior às concorrentes nesse ponto. O que as torna, provavelmente, uma das — senão as — melhores opções de custo x benefício em câmeras híbridas.

Atualização: A polêmica do superaquecimento:

Bom, surgiram na internet as imagens do manual da câmera indicando sobre o possível aquecimento da câmera quando gravando em 8K RAW e em algumas opções de 4K, limitando este tempo de gravação, caso contrário a câmera é desligada e precisa aguardar o esfriamento da mesma.

Eu ia escrever aqui uma série de fatores, mas pra ficar mais fácil de entender o que eu tenho a falar sobre esse assunto você pode assistir o vídeo à baixo que gravei para o IGTV e/ou ler este artigo aqui.

Limitações existem em absolutamente qualquer câmera, gravador, luz e etc. É muito importante ter em mente as limitações de cada equipamento, conhecer por completo o seu equipamento. A grande maioria dos problemas é culpa do usuário e não dos equipamentos, da falta de experiência e/ou conhecimento do usuário.

Conclusão:

Minha conclusão sobre esse lançamento é que não vejo como uma revolução no mercado audiovisual, porém certamente uma revolução nas práticas da Canon, entregando uma câmera com um custo relativamente baixo mas recursos só vistos em suas câmeras de altíssimo custo. Falta agora pegar a câmera na mão e realizar os testes para ver até onde é possível chegar com essas imagens. Eu estou bem animado, e vocês?

Artigo escrito por André Rodrigues — https://linktr.ee/souandrerodrigues

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